Pular para o conteúdo

🌱 Reinventando o Campo: A Comunidade de Santa Rita e a Construção de Territorialidades Socioambientais

    Por ¹Francisco Pontes de Miranda Ferreira, ²Maria Emilia Nascimento e ³Mônica de Souza Corrêa

    Assista o vídeo

    Uma Parceria pela Divulgação Científica

    Em uma iniciativa inédita entre o Instituto Tecnoarte e o Conselho do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Conparnaso), lançamos uma série de textos voltados à popularização da ciência na região do PARNASO e do Mosaico de Áreas Protegidas da Mata Atlântica Central Fluminense. Nosso objetivo é tornar o conhecimento técnico acessível à população, fortalecendo os laços entre ciência e comunidade.

    Iniciamos esta jornada com a resenha da tese de doutorado de Mônica de Souza Corrêa, defendida no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente da UERJ em outubro de 2025.

    O Campo como Espaço de Inovação e Resistência

    A tese de Mônica desmonta a ideia ultrapassada de que o campo é sinônimo de atraso. Ela mostra como a comunidade de Santa Rita, na zona rural de Teresópolis (RJ), está construindo um novo modelo de vida: sustentável, solidário e profundamente conectado à natureza.

    Entre os destaques da pesquisa estão:

    • A prática da agroecologia, com produção de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos.
    • O fortalecimento do turismo rural solidário, que gera renda e valoriza a cultura local.
    • A presença dos neo-rurais, pessoas que migraram da cidade para o campo em busca de qualidade de vida e que contribuem com novos saberes.

    Territorialidades Socioambientais: Um Conceito Vivo

    Mônica investigou como os moradores de Santa Rita constroem o que ela chama de Territorialidades Socioambientais — uma articulação entre práticas agrícolas, turismo, saberes tradicionais e resistência à especulação imobiliária.

    A pesquisa utilizou uma abordagem etnográfica, com observação participante, permitindo à autora mergulhar no cotidiano da comunidade e decifrar os significados que sustentam esse modo de vida inovador.

    Benefícios Concretos para a Comunidade

    1. Soberania Alimentar: A agroecologia garante autonomia na produção de alimentos e preservação de sementes crioulas.
    2. Renda Sustentável: O turismo rural permite que visitantes vivenciem o campo, consumam produtos locais e fortaleçam a economia comunitária.
    3. Fortalecimento da Identidade: Mutirões agroecológicos e cartografias participativas reforçam os vínculos entre os moradores e o território.

    Extensão Universitária: A Ponte Transformadora

    O ponto mais inovador da tese é o papel da Extensão Universitária como catalisadora da transformação. A universidade não apenas observou, mas atuou junto à comunidade, promovendo minicursos, dinâmicas e diagnósticos participativos.

    Essa troca de saberes permitiu o planejamento de um circuito piloto de turismo rural e mostrou que o conhecimento acadêmico pode — e deve — caminhar lado a lado com os saberes populares.

    Uma Lição de Esperança

    A tese de Mônica é um exemplo inspirador de que outro desenvolvimento rural é possível. Santa Rita nos ensina que o futuro do campo pode ser construído com base na cooperação, na sustentabilidade e na valorização da cultura local.

    Essa é a primeira de muitas histórias que compartilharemos. Acompanhe nossa série e descubra como a ciência está sendo vivida e transformada no coração da Mata Atlântica fluminense.

    ¹ Francisco é Doutor em Ciências do Meio Ambiente, Diretor Interinstitucional do Instituto Tecnoarte e membro da banca de defesa da tese.
    ²Maria Emilia é Administradora e Gestora do Instituto Tecnoarte.
    ³Mônica é Doutora em Ciências do Meio Ambiente.
    Imagens: Mônica de Souza Corrêa.