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Despoluição da Baía de Guanabara: Concessionária Lança Plano Ambicioso de Saneamento

    Esforços para Despoluir a Baía de Guanabara: Concessionária Investe no Esgotamento Sanitário

    A poluição da Baía de Guanabara, um dos maiores desafios ambientais do Rio de Janeiro, tem múltiplas origens: esgoto doméstico, resíduos industriais, óleo da indústria petrolífera, resíduos sólidos despejados diretamente na baía ou trazidos por rios e canais, além da contaminação do fundo com metais pesados. A concessionária Águas do Rio, pertencente ao Grupo AEGEA Saneamento, é responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário em grande parte do entorno da baía. Atendendo cerca de 10 milhões de habitantes, a empresa se comprometeu a tratar 90% do esgoto até 2033, uma medida crucial para reduzir a poluição.

    No dia 25 de junho de 2024, a Águas do Rio abriu as portas de sua base no Armazém 2 do Porto Maravilha para professores, acadêmicos e estudantes, apresentando a palestra “Baía de Guanabara – um olhar para o futuro”. O evento começou com uma visita ao Centro de Operações Integradas (COI), onde diversas operações são monitoradas em tempo real, 24 horas por dia, através de computadores e sistemas geográficos.

    No auditório, os participantes foram recepcionados pelo diretor institucional da Águas do Rio, Sinval Andrade. Em seguida, o consultor em saneamento Edes Oliveira traçou um panorama histórico do saneamento na cidade do Rio de Janeiro. Ele relembrou que, na época da colonização, os excrementos humanos eram simplesmente jogados pela janela ou retirados das residências por escravos, conhecidos como “tigres” devido às manchas causadas pelo contato com as fezes. Somente em 1857, D. Pedro II iniciou a instalação de um sistema de esgoto, começando pelos bairros da Glória, São Bento e Gamboa. Em 1889, a expansão alcançou Leme, Copacabana, Ipanema, Paquetá, Cais do Porto e Praia Vermelha, pela empresa “City”.

    Edes destacou marcos importantes, como o emissário de Ipanema, inaugurado em 1975, e o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, iniciado em 1990. Apesar dos avanços, muitas estações de tratamento de esgoto, como a ETE Alegria, operam abaixo de sua capacidade devido à ausência de redes conectadas. Em 2019, o Plano Nacional de Saneamento Básico estabeleceu novos compromissos, e entre 2021 e 2022 ocorreram processos de concessão para a iniciativa privada.

    Joselio Raymundo, diretor de operações, detalhou os esforços atuais para recuperar os sistemas existentes. Ele descreveu as “Estratégias de Ação”: Diagnóstico, Automação, Prevenção, Recuperação, Manutenção e Segurança Operacional. Joselio ressaltou a importância do COI na automação e mencionou melhorias já alcançadas, como a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas e a balneabilidade em Paquetá. A ETE Alegria, por exemplo, demanda investimentos urgentes para aumentar sua capacidade de tratamento.

    Ricardo Bueno, diretor de engenharia, apresentou a realidade do esgoto lançado na Baía de Guanabara: 11.600 litros por segundo são despejados, mas apenas 5.200 recebem algum tipo de tratamento. Ele anunciou que os investimentos ultrapassarão R$ 40 bilhões, o maior investimento em saneamento da história do Brasil, incluindo mais de 7 mil km de redes coletoras e 319 km de coletor tronco. O coletor tronco de tempo seco, com 79,9 km e 165 captações, é uma solução crucial para evitar que águas de chuva se misturem com o esgoto, melhorando a eficiência das estações de tratamento.

    Caroline Lopes, gerente de meio ambiente, encerrou o evento compartilhando seu sonho de ver a Baía de Guanabara despoluída. Ela destacou a importância da multidisciplinaridade para enfrentar os desafios do saneamento e mencionou projetos de restauração em andamento, como a plantação de 13.500 mudas de manguezal na ETE Alegria. Caroline também falou sobre o projeto “Afluentes”, direcionado a lideranças comunitárias, e atendeu às reivindicações de jovens da organização “Redes da Maré” por investimentos em suas comunidades.

    A iniciativa da Águas do Rio representa um passo significativo na luta pela despoluição da Baía de Guanabara, um esforço que exige a colaboração de todos os setores da sociedade.

    Texto e fotos: Francisco Pontes de Miranda Ferreira