O Pró-Águas é um projeto de Soluções baseadas na Natureza (SbN) que contribuirá para a minimização dos efeitos das mudanças climáticas, com engajamento social e recuperação da biodiversidade. O grande diferencial é a “Governança” construída através da interação entre os setores governamentais, privados e Organizações da Sociedade Civil (OSC). O projeto pretende promover a recomposição de 7.500 hectares de vegetação nativa nas áreas mais estratégicas e críticas para a segurança hídrica do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a meta é a produção de 448 toneladas de CO2 por hectare. O Pró-Águas foi lançado e apresentado para o público no dia 28 de junho de 2024 na Casa G20, instalada na Casa Laura Alvim em Ipanema. O projeto está sendo conduzido pelo Instituto Espinhaço que atua nas áreas de biodiversidade, cultura e desenvolvimento socioambiental e coordena os maiores projetos de recomposição de vegetação nativa no país. A secretária estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, abriu a cerimônia e ressaltou que a Casa Laura Alvim se tornou a Embaixada do G20. “Espaço importante para discutirmos a cidadania e o meio ambiente para as 20 maiores economias do mundo”, afirmou.
O fundador e presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio de Oliveira, agradeceu a parceria do governo do Estado e elogiou o trabalho de sua equipe. Contou um pouco da história do Instituto e citou a relevância da segurança hídrica para o nosso futuro. Para ele, necessitamos de uma mudança cultural para enfrentarmos as questões socioambientais. Sérgio Monforte do setor de projetos de ciência da Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), destacou o Programa da UNESCO “Homem e a Biosfera” que inclui mais de 700 reservas naturais no mundo e sete no Brasil. Ressaltou que a UNESCO surgiu justamente para trabalhar a mente dos homens pela paz, quando foi criada no pós-guerra. João Augusto Nades do Tribunal de Contas da União, definiu o fator “governança” como um conjunto de ferramentas com visões de médio e longo prazo. O representante do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Flavio Torres, falou dos royalties e tributos que beneficiam o Estado do Rio de Janeiro e lembrou de desastres marcantes, como o derramamento de óleo na baía de Guanabara no ano 2000.
O diretor da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Felipe de Mello Sampaio Cunha, destacou os extremos climáticos como as secas no Pantanal, em contraste com as chuvas intensas no Rio Grande do Sul. Defendeu o caminho da governança integrada. Henrique Marinho Chaves, também da UNESCO, lembrou que a restauração florestal combate os processos erosivos e a sedimentação (assoreamento) dos corpos hídricos.
O Vice-Governador do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha Gonçalves, enfatizou a importância da parceria, em que nenhum recurso financeiro do Estado será utilizado no projeto, mas que as secretarias do Ambiente e da Agricultura, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (EMATER-Rio) estarão à disposição. Thiago ainda afirmou que a Mata Atlântica é um Hotspot ambiental importante (entre os cinco mais importantes do mundo) e que as SbN surgem como iniciativas relevantes.
A secretária de meio ambiente de Goiás, Andrea Vulcanes, falou da participação importante do Instituto Espinhaço no projeto de restauração do rio Araguaia. Ela ainda enfatizou a relevância das ações de parceria, com os produtores rurais, para solucionar os problemas ambientais, no lugar das atitudes repressivas. “Precisamos de argumentos para as ações de restauração, depende de uma mudança de consciência”, afirmou. Em seguida, o presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio, lembrou do exemplo clássico da floresta da Tijuca, em que a recuperação florestal providenciou solução para a escassez de água no Rio de Janeiro. Destacou que a recuperação de florestas, além de garantir a produção de água, vai gerar renda e aquecer a economia.
A subsecretária de Mudanças do Clima e Conservação da Biodiversidade da Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade, Marie Ikemoto, é especialista em SbN e destacou a necessidade de aproximação com os produtores rurais que, em nosso Estado, na maioria, são pequenos e médios agricultores familiares. Para terminar, a subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade da Secretaria do Estado e de Sustentabilidade (SEAS), Ana Asti afirmou que nosso desafio para 2050 é recuperar mais de 400 mil hectares de Mata Atlântica. Ainda, ressaltou o Programa Estadual de Segurança Hídrica, como um plano estadual importante. Aos poucos, vamos enxergando alguns aspectos essenciais para o enfrentamento das mudanças climáticas, a garantia da segurança hídrica e a recuperação das áreas degradas: a opção por Soluções baseadas na Natureza e o caminho da solidariedade, da consciência e da parceria, para garantirmos água e alimentação para as futuras gerações, com geração de renda e aquecimento da economia.
Texto e fotos: Francisco Pontes de Miranda Ferreira