Imagem: Ponto de partida da trilha Caminho do Recôncavo da Guanabara — Foto: Sabrina Neumann
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como preparativos para o Fórum Mundial de Cooperação Econômica (G 20) a ser realizado no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, está colocando seus analistas de políticas públicas para anotarem as principais demandas e propostas do poder público, das universidades e da sociedade civil para as urgentes necessidades do Rio de Janeiro e região. Além dos analistas de políticas públicas da OCDE, participou dos debates e da avaliação das demandas, o ministro da Economia e do Mar de Portugal, António Costa Silva, especialista em questões políticas, estratégias econômicas e no setor de energia, com atuação em assuntos internacionais.
A Casa de Cultura Laura Alvim, localizada em Ipanema, foi transformada em Embaixada do G 20 e no dia 14 de março de 2024 recebeu propostas relacionadas à governança do mar, e a economia azul e circular, através da Missão OCDE Rio Metrópole Azul. O tema na parte da manhã foi o Turismo e Francisco Pontes de Miranda Ferreira, doutor em ciências do meio ambiente, esteve na reunião representando o Instituto Tecnoarte e a Reserva Ecovila El Nagual para falar do Projeto dos Caminhos do Recôncavo da Guanabara e todo o contexto que envolve o desenvolvimento econômico e social do território influenciado diretamente pela iniciativa.
Francisco descreveu os três Bio Hubs presentes neste Caminho: Sinal do Vale em Duque de Caxias, Ecovila El Nagual em Magé e Reserva do Guapi-Açu (REGUA) em Cachoeiras de Macacu e da atuação socioambiental do Instituto Tecnoarte em Guapimirim. As quatro instituições formam uma conectividade no recôncavo da baía de Guanabara de iniciativas socioambientais relevantes. No Sinal do Vale e em El Nagual pode-se conhecer experiências como a agrofloresta e a permacultura. Na Reserva Ecovila El Nagual funciona um centro de ensinamento gaianos (Gaia Education) e processos regenerativos e no Sinal do Vale acontece também um trabalho de restauração florestal com ligações diretas com a organização internacional EcoRestauration Communities. Na REGUA existem projetos de restauração florestal, observação de pássaros e reintrodução de espécies da fauna da Mata Atlântica. Os três são Reservas Particulares do Patrimônio Natural e Postos Avançados da Reserva da Biosfera (UNESCO). O Tecnoarte, por sua vez, promove o projeto Zip-Flôr (Zona de Inclusão Permanente na Floresta) com ações de agroecologia, restauração florestal, ecoturismo e educação ambiental. Assim como um projeto de Educomunicação e Terapia Integrativa Comunitária, para adolescentes e profissionais da área de ensino de Guapimirim e outro de proteção animal, sendo importante referência na região. Todos investem no desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, ambiental e social do território e assim colaboram para o fortalecimento do turismo. Iniciativas que necessitam de maior visibilidade e reconhecimento.
Imagem: Francisco Pontes de Miranda Ferreira
O representante do projeto ressaltou a história da formação dos Caminhos que se remete a um projeto inicial de 2012 para a conectividade entre a Trila Transcarioca, que atravessa a cidade do Rio de Janeiro, passando por várias unidades de conservação com os Caminhos da Serra dos Órgãos, outra trilha de médio percurso que penetra áreas protegidas do Mosaico de Unidades de Conservação da Mata Atlântica Central Fluminense. A ideia inicial era a realização de uma travessia de barco, partindo do final da Transcarioca, no Pão de Açúcar, até os manguezais da baía de Guanabara na Área de Proteção Ambiental (APA) Guapi-Mirim. Em seguida, o visitante, subiria parte da Serra dos Órgãos até a Reserva Ecovila El Nagual, para depois seguir até a cidade histórica de Petrópolis. Na próxima etapa faria a famosa travessia Petrópolis-Teresópolis por dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) de três dias de duração. A partir de Teresópolis o participante da aventura pode seguir pelo Parque Estadual dos Três Picos para conhecer o Vale dos Deuses e continuar o percurso até Lumiar. Deste famoso vilarejo de Nova Friburgo, o visitante pode descer até a REGUA em Cachoeiras de Macacu. Os Caminhos do Recôncavo da Guanabara surgiram como consequência deste projeto inicial e, de forma independente, está realizando no momento a sinalização e o mapeamento dos potenciais. As trilhas do recôncavo já se tornaram parte da primeira trilha de longo percurso do Brasil que é os Caminhos da Serra do Mar, com início nos Aparados da Serra no Rio Grande do Sul e término no Sul da Bahia.
Imagem de divulgação do Caminho do Recôncavo
Francisco explicou os potenciais históricos, culturais e ambientais da região e enfatizou a necessidade de investimentos para o desenvolvimento do turismo solidário e comunitário, como forma de preservar a natureza, gerar renda para a população local e promover a permanência dos jovens em seus locais de origem, evitando-se o êxodo para os grandes centros urbanos. O representante destacou que as trilhas de médio e longo percurso, como o próprio Caminhos do Recôncavo, envolvem uma aproximação com as comunidades do entrono que se tornam beneficiárias do uso das trilhas, podendo comercializar refeições e artesanato, oferecer hospedagem e trabalharem como condutores. O próprio uso público das trilhas, sendo realizado de forma controlada, com a devida sinalização e acompanhado de um trabalho de educação e conscientização ambiental, torna o turista, um amigo da preservação.
Os analistas políticos da OCDE anotaram todos os detalhes apresentados, gravaram tudo e fizeram perguntas para compreenderem melhor a região, seu potencial e os princípios de turismo solidário. Esperamos agora, como resultado, investimentos na área de turismo para nossa região e um fortalecimento dos Caminhos do Recôncavo da Guanabara, e dos projetos socioambientais promovidos pelas quatro instituições envolvidas. Podendo, finalmente, o projeto transformar-se em uma referência e ponto de interesse para turistas, pesquisadores e investidores.