Imagem: Thais Corral, Presidente do Instituto Sinal do Vale, na abertura dos Diálogos do Sinal
A Bioeconomia Ecológica vem destacando-se como modelo regenerativo sustentável e o conhecimento e as experiências dos povos originários emergem como inspiração e estão em consonância com a Década da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Restauração de Ecossistemas. O terceiro evento da série “Diálogos do Sinal para a Bioeconomia: um chamado para a construção de modelos regenerativos sustentáveis” foi focado na visão dos povos originários e aconteceu no campus do Instituto Sinal do Vale, localizado no meio da Mata Atlântica em Duque de Caxias, no dia 26 de março de 2024. O evento contou com a presença de Coral Herencia e de Felipe Navarrete da Fundación Cuidemos Paraísos da Terra Mapuches do Sul do Chile de música medicina. Coral, além de cantora e compositora de Medicina Musical, é uma acadêmica em arqueologia e pesquisadora apaixonada pelo conhecimento ancestral andino-amazônico, com um foco especial na etnobotânica e na medicina tradicional. O Diálogo teve apoio do Movimento Viva Água Guanabara, promovido pela Fundação Grupo Boticário.
A bioeconomia regenerativa é uma abordagem dentro da bioeconomia que enfatiza a restauração, renovação e revitalização de seus próprios recursos. Diferente de modelos que apenas buscam a sustentabilidade ou a minimização de danos, a bioeconomia regenerativa visa criar sistemas que sejam capazes de regenerar e melhorar naturalmente o meio ambiente e a sociedade. Inspirada pelos ciclos naturais, busca-se criar sistemas de produção onde os resíduos de um processo se tornam insumos para outro, minimizando o desperdício e promovendo a eficiência de recursos. Valoriza-se a diversidade biológica e de ecossistemas como fonte de inovação e a diversidade é vista como uma estratégia para mitigar riscos e promover sistemas mais adaptáveis e robustos. Neste tipo de abordagem, reconhece-se a importância dos saberes locais e tradicionais na criação de práticas sustentáveis e regenerativas, integrando-os com conhecimentos científicos e tecnológicos.
O objetivo é mobilizar a sociedade e as lideranças locais e regionais para a relevância da restauração de ecossistemas e seu papel crucial para a transição na direção de uma bioeconomia regenerativa. Os Bio-Hubs, como o Sinal do Vale, buscam mobilizar iniciativas que desenvolvem Soluções baseadas na Natureza (SbN) e os povos originais são exemplos deste tipo de arranjo. Outro objetivo importante é influenciar a formação de políticas públicas na direção da saúde ambiental. O próprio Sinal do Vale está implantando um projeto de restauração da Mata Atlântica na Biorregião da Serra da Estrela, onde a instituição está inserida. Fazem parte das iniciativas, além da restauração florestal, as técnicas agroecológicas em que os povos originais servem de inspiração. Participaram do evento representantes de povos tradicionais da região, como a comunidade quilombola de Bongaba de Magé e membros de dois Hubs regionais que também atuam com projetos regenerativos na região do recôncavo da Guanabara estiveram presentes: InstitutoTecnoarte de Guapimirim e Reserva El Nagual de Santo Aleixo em Magé.
Na parte da manhã o Instituto Sinal do Vale expôs sua visão e suas práticas de bioeconomia ecológica e, em seguida, foram demonstrados olhares dos povos originais dos bosques gelados do Chile. Tipo de ecossistema existente em vários locais do planeta como Canadá e Rússia. Finalmente, aconteceu um almoço com produtos locais e uma vivência no meio da Mata Atlântica. “Tivemos a honra de participar de um evento inesquecível organizado pelo Sinal do Vale, Movimento Viva Água e Fundación Cuidemos Paraísos, de Pucon, Chile. Uma roda de diálogo inspiradora reuniu lideranças quilombolas, acadêmicos, empresários, líderes comunitários e um grupo especial de ativistas “bioculturais” dos encantadores bosques gelados chilenos. O destaque do encontro foi a presença magnética de Coral Herencia, uma verdadeira guerreira em defesa da natureza e das florestas nativas. Foi um encontro multicultural maravilhoso, cheio de trocas enriquecedoras e cantos dedicados à Pachamama, a Mãe Terra, que na língua quechua simboliza a divindade que abraça toda a natureza”, ressaltou Maria Emilia do Instituto Tecnoarte.
Para Micro, Pequenas e Médias Empresas e Organizações da Sociedade Civil, sediadas no Estado do Rio de Janeiro, adotar princípios da bioeconomia regenerativa pode significar não apenas uma melhoria em sua competitividade através da inovação e sustentabilidade, mas também um alinhamento com demandas crescentes por responsabilidade socioambiental. Isso pode abrir novas oportunidades de mercado, tanto nacional quanto internacional, e fortalecer a capacidade dessas organizações de se relacionarem com Instituições de Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento de soluções inovadoras com impacto socioambiental positivo. Especificamente para a região do recôncavo da baía de Guanabara a restauração florestal, a agrofloresta e agroecologia, a bioconstrução e o turismo solidário são soluções interessantes dentro destes princípios.
Texto: Francisco Pontes de Miranda Ferreira com apoio de release da Johanna Barba.
Imagens: cedidas pelo Sinal do Vale.