Imagem do recanto de descanso nas redes.
A aventura inicia-se com o passeio de Jeep até a fazenda, localizada no topo da Caneca Fina. Ao chegar no local nos deparamos com a antiga fazenda, muita Mata Atlântica preservada, picos exuberantes e muita água – com mais de 50 nascentes e a parte alta do rio Socavão e seus afluentes. A fazenda pertenceu a taiwanesa, Chuang Lin, que fez questão de permitir a regeneração da Mata Atlântica, dando lugar a uma área antes ocupada por pastos e plantações de café e banana. No dia 30 de março de 2024, realizamos uma visita à fazenda e tivemos a oportunidade de conversar com a atual proprietária Sheila Monteiro Clacino e diversos visitantes.
Sheila e sua filha Raiane realizam a recepção dos turistas e a condução nas trilhas e no tour do entorno da fazenda. Sheila disse que quer transformar o local em referência para o ecoturismo e a produção e a comercialização de artesanato local. Está investindo na estrutura do espaço para a realização de eventos. Sheila explicou que a Fazenda Colomi possui 246 hectares. “Além dos banhos de cachoeiras e das trilhas de diversas categorias, a Fazenda oferece cursos de artesanato, observação de pássaros e oficinas de vivência”, ressaltou Sheila. Para a observação de pássaros, foi construída uma torre. Existe também uma mandala de plantas medicinais, distribuídas de acordo com o órgão do corpo a ser beneficiado e um caminho sensorial para trabalhar a textura com os pés descalços. A voluntária de Educação Ambiental, Alexandra Bernardo apoia o trabalho de recepção dos visitantes e desenvolve diversas atividades na área socioambiental no município.
Imagem: Torre de observaçã de aves e pintura da artista plástica local Argina Seixas.
A propriedade está no entorno imediato do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) e ao Parque Estadual dos Três Picos (PETP). A ideia dos proprietários é transformar grande parte da área preservada em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) e assim perpetuar a preservação da floresta. Raiane veio da Região Metropolitana e demorou um pouco a adaptar-se ao isolamento, mas hoje está entusiasmada e investindo numa pós-graduação na área ambiental. Raiane nos conduziu no tour no entorno da Fazenda e mostrou as piscinas naturais e uma antiga usina de produção de energia. O objetivo é recuperar a produção de energia e criar uma autossuficiência. Existem vários locais para o visitante usufruir de banhos no rio e para apenas contemplar as belas paisagens, como o pico de Referência, também conhecido como Foucinho de Porco, uma marca da região. “O pico pode ser avistado de diversos pontos do município e foi nossa referência para chegarmos à fazenda cerca de dois anos atrás”, enfatizou Raiane. A família investe também na regeneração do palmito juçara, ameaçado de extinção e está espalhando mudas pela floresta. “Já plantamos 300 mudas. O palmito pode ser usado tipo açaí e assim a árvore não morre, como acontece ao extrair-se o palmito. Estamos estudando este uso mais sustentável”, defendeu Raiane.
Imagem: Raiane, falando apresentando o jardim sensorial
Thiago Vetter e Julia Kubrusly vieram do Rio de Janeiro, moradores do Catete, e ficaram sabendo da fazenda através da pousada onde estavam hospedados. Thiago disse que procurou uma opção para o feriadão da Páscoa em local de serra e próximo do Rio. “Ainda falta divulgação dos atrativos de Guapimirim, o município também precisa melhorar a infraestrutura para receber mais visitantes”, afirmou. Ana Luiza Coutinho Amorim, moradora da Tijuca no Rio, também procurou uma opção serrana e argumentou que gosta muito de cachoeiras e da natureza. Os visitantes do Rio de Janeiro geralmente optam por outros pontos da Serra como Visconde de Mauá, Teresópolis e Petrópolis e estão agora conhecendo Guapimirim que, segundo eles, apresenta a vantagem de ser mais próximo e de oferecer preços mais em conta. Alessandra, Flavio e Caio Innger, moradores de Niterói, também argumentaram as vantagens de Guapimirim e ficaram impressionados com as belezas naturais. Gabriela Vicchione e Gelson Ethal, também moradores da Tijuca, nunca tinham vindo a Guapimirim e agora vão incluir o município em suas opções para descansarem da cidade grande.
No dia de nossa visita, estava acontecendo uma oficina para a utilização das folhas de bananeira, coordenada pela artesã Eliane Saldanha. Ela dedica-se a oficinas de artesanato de diversas modalidades, como a reutilização do lixo, e abre sempre espaço para pessoas com deficiência ou em condições de vulnerabilidade. Eliane contou que os uso da folha de bananeira é uma forma de protesto contra tanta embalagem. A folha pode tornar-se uma opção alternativa para embalar diversos produtos e passar a ser utilizada em feiras e eventos. A folha serve também para cozinhar e pode ser utilizada para ir ao forno com carnes e peixes para assar.
Guapimirim com seus atrativos da Serra até os manguezais, com preços ainda acessíveis e com sua proximidade da capital e dos municípios da Região Metropolita, em que também está inserida, pode tornar-se um grande centro de turismo ecológico, rural e cultural. Formas de promovermos renda e emprego para a população local e garantirmos a permanência dos jovens com qualidade de vida. Fato também importante para criarmos a mentalidade de preservação e regeneração ambiental.
Entrem em contato com a Fazenda Colomi pelo WhatsApp (21) 964139506 e acompanhe o Instagram @fazendacolomi
Texto de Francisco Pontes de Miranda Ferreira, jornalista e imagens do acervo da Fazenda.