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Representantes das Bio Regiões do Movimento Viva Água discutem resultados de 2023 e Planejamento Estratégico para 2024 

    Mais um importante passo está acontecendo para despoluir, fortalecer a sociedade e incrementar projetos socioambientais que garantam a segurança hídrica e alimentar do entorno da baía de Guanabara. Um encontro realizado no Sinal do Vale, centro regenerativo da Mata Atlântica, localizado em Duque de Caxias, teve como objetivo alinhar informações sobre as conquistas e resultados de 2023 relacionados com o trabalho realizado nas três bioregiões que compõem o Movimento Viva Água e compartilhar oportunidades e aspirações para 2024. Participaram da reunião coordenadores da Fundação Grupo Boticário, articuladores e financiadores das iniciativas, e representantes das instituições da sociedade civil, executoras dos projetos de 2023 e beneficiadas com financiamento para novas ações em 2024.

    Thais Corral, fundadora do Sinal do Vale, abriu a reunião e elogiou a caminhada. Falou da importância das iniciativas: “Estamos juntando pessoas estratégicas e construindo vínculos” ressaltou. O experiente profissional da área ambiental, Claudison Rodrigues, que vem acompanhando os trabalhos, destacou os diversos projetos que foram propostos para solucionar a problemática da baía de Guanabara e que não deram certo. Acredita que, desta vez, “vamos ultrapassar barreiras” e finalmente construir soluções. Thiago Piazzeta Valente e André Petick Dias da Fundação Grupo Boticário falaram da relevância das ações integradas e da criação do Fundo que vai apoiar diretamente cinco projetos. O consultor Eduardo Pedote enfatizou que a iniciativa que envolve vários atores locais tem de tudo para dar certo e que a experiência poderá ser replicada em outros territórios. Thais chamou a atenção que finalmente estamos aplicando uma visão ecossistêmica com objetivo de continuidade. Ela falou dos Bio Hubs, representados pelas instituições envolvidas, como bases consistentes para gerar conhecimentos e iniciativas no território. A gestora do Fundo criado para financiar os projetos, Julia Camargo, também está animada com as possibilidades e o potencial de transformação.

    A profissional de desenvolvimento sustentável e Coordenadora de Parcerias do Sinal do Vale, Katie Weintraub, apresentou a trilha articulada entre as três bioregiões.  Trata-se do Caminho do Recôncavo da Guanabara com 110 Km e que passa por cinco municípios e penetra ou aproxima-se de 11 Unidades de Conservação que compõem o território do Mosaico Central Fluminense. A região possui potenciais nas áreas de agroecologia, conservação e restauração florestal e turismo ecológico de base comunitária. Caminho marcado pelos vários atrativos ecológicos e históricos. Os novos projetos incluem estruturas para incrementar o turismo nos locais atingidos pela trilha e próximos, como as comunidades pesqueiras do litoral, além de iniciativas para a regeneração ambiental e fortalecimento da agroecologia. O objetivo é desenvolver a bioeconomia com foco no território com investimentos em eixos importantes como a restauração florestal, o turismo sustentável e a segurança hídrica e climática.

    Nicolas Locke da Reserva do Guapiaçu (REGUA), descreveu os diversos trabalhos realizados pela instituição e elogiou a continuidade do Movimento Água Viva. Erthard Bernhard da Ecovila e Reserva El Nagual em Santo Aleixo, está animado com as novas oportunidades e ressaltou o papel educativo, tanto de sua instituição como do Sinal do Vale e da REGUA. Fato defendido também por Thais que afirmou “não serem apenas locais de hospedagem” e sim de “aprendizagem, vivências e regeneração”. Pedro Belga, do movimento Guardiões do Mar, outro beneficiado com recursos do Fundo, falou dos seus 25 anos de luta pela baía de Guanabara e pelo fortalecimento da economia solidária. Ressaltou a relevância das comunidades pesqueiras como resistência e forma de utilização sustentável dos recursos naturais. Disse que enxerga, finalmente, um “avanço e uma sinergia” para enfrentarmos os problemas da baía de guanabara e seu entorno. Gabriela Viana e Tatiana Horta do Instituto de Ação Socioambiental (ASA) explicou seu trabalho de restauração florestal, recuperação da fauna e educação ambiental, instituição que também vai ser beneficiada pelo Fundo em 2024. Maria Emilia Nascimento do Instituto de Inclusão Social e Tecnológica (TECNOARTE), também beneficiado pelo Fundo em 2024 descreveu o histórico da instituição e destacou o projeto atual que conta com a parceria da Fundação Grupo Boticário – Zip Flôr. As ações envolvem agroecologia, turismo e proteção das nascentes. Iniciativa que vai ter continuidade e interage com os outros projetos.

    Thiago da Fundação Grupo Boticário defendeu uma união entre o projeto Viva Água do Paraná com o de nossa região e a possibilidade de surgirem vários outros “Vivas Água” no Brasil para proteger, principalmente, nossos recursos hídricos. Finalmente, temos maior esperança que o território do entorno da baía de Guanabara, com sua riqueza ambiental, cultural, histórica e seu potencial para a agroecologia e o turismo sustentável possa ter avanços importantes e revertermos os anos de decadência e degradação. Colaborarmos assim, para a redução dos impactos das mudanças climáticas e promover qualidade de vida para a população.

    Compreendendo o Movimento Viva Água Baía de Guanabara

                A proposta do Movimento Viva Água Baía de Guanabara (MVABG) é promover ações de conservação e recuperação dos ecossistemas naturais e incentivar o empreendedorismo de impacto positivo no território. A ideia é que o modelo seja referência e replicado em outras bacias hidrográficas. Foi idealizado pela Fundação Grupo Boticário (FGB) e envolve vários atores.

    O primeiro projeto iniciou-se na bacia do rio Miringuava na Região Metropolitana de Curitiba em 2019. A partir de 2021 passou a ser replicado na baía de Guanabara. Trata-se de um dos territórios prioritários da FGB devido à importância do território para o Brasil e a urgência provocada pelo alto nível de degradação. O projeto tem como princípios as Soluções baseadas na Natureza (SbN) e as Adaptações de base Ecossistêmicas (AbE). Metodologias que respeitam os ciclos naturais no enfrentamento dos desafios socioambientais da região.

                Além da FGB outros realizadores do MVABG são o instituto Estadual do Ambiente (INEA), a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), o Instituto Humanise, o Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía da Guanabara, o Sistema B e o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Trata-se de uma construção coletiva que envolve várias esferas da sociedade para implementar a segurança hídrica e promover a resiliência costeiro-marinha do território.

                Um sistema de governança foi criado com vários níveis, além de conselhos e comitês. O trabalho é impulsionado através de uma rede de cooperação e espaços de diálogo. Os princípios SbN são implantados e monitorados de forma científica e o conselho estratégico conta com profissionais reconhecidos. Além disso, os comitês de participação social têm a função de escutar as principais demandas das lideranças do território. O Comitê de Finanças e Negócios de Impacto, por sua vez, tem o papel de discutir, propor e estimular estratégias para a criação de mecanismos financeiros de acordo com as necessidades e de criar fundos. Eixos temáticos foram elaborados para acompanhar as ações. 

    Referencia:  https://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/Biblioteca/Politica%20de%20Governanca%20MVAGuanabara.pdf

    Reportagem: Francisco Pontes de Miranda Ferreira.

    Imagens cedidas por Johanna Barba e Claudison Rodrigues.